O perigo do estresse na saúde da mulher
Como o acúmulo silencioso de tensões afeta o corpo feminino – e caminhos para restaurar o equilíbrio
SAÚDE MENTALVIDA E SAÚDE
Paula S'corsato
6/24/20255 min read


Em uma sociedade que cobra excelência em múltiplos papéis, a mulher frequentemente se vê navegando entre a pressão profissional, as exigências familiares e as expectativas sociais. O que muitas vezes passa despercebido é que esse esforço contínuo cobra um preço, e ele se manifesta, principalmente, através do estresse crônico.
Longe de ser apenas um desconforto emocional, o estresse pode desencadear um efeito dominó no corpo da mulher, afetando desde o sistema imunológico até a saúde cardiovascular e reprodutiva.
O corpo feminino, com sua complexa orquestra hormonal e ciclos fisiológicos, responde de maneira particularmente sensível ao estresse prolongado. Os sintomas podem começar de forma discreta: insônia ocasional, irritabilidade, cansaço constante.
No entanto, quando o estado de alerta se torna uma norma, o organismo entra em modo de sobrevivência, comprometendo funções essenciais para a saúde.
O que acontece no corpo da mulher sob estresse contínuo
Ao vivenciar uma situação de estresse, o corpo libera hormônios como o cortisol e a adrenalina. Esse processo é natural e necessário para lidar com ameaças. O problema surge quando essa liberação ocorre com frequência, sem que haja tempo suficiente para a regulação fisiológica.
Nas mulheres, isso pode afetar profundamente o equilíbrio hormonal. O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), responsável por regular os níveis de cortisol, também influencia o ciclo menstrual, a produção de estrogênio e a ovulação.
Assim, mulheres sob estresse crônico podem experimentar ciclos menstruais irregulares, TPM intensificada, dificuldades de fertilidade e até menopausa precoce.
Além disso, o estresse está diretamente ligado a distúrbios do sono, aumento de peso (especialmente na região abdominal), queda de cabelo, alterações na pele e doenças autoimunes — todas mais prevalentes no sexo feminino.
Quando o corpo fala: sintomas físicos e emocionais
Muitas vezes, o corpo dá sinais claros de que algo não vai bem. É comum que mulheres relatem dores musculares recorrentes, palpitações, sensação de falta de ar, enxaquecas e problemas gastrointestinais. No campo emocional, aparecem a ansiedade, a irritabilidade, a tristeza persistente e a dificuldade de concentração.
Esses sintomas são frequentemente minimizados ou interpretados como fraqueza ou “coisas da mente”. No entanto, o corpo está simplesmente tentando comunicar que os sistemas internos estão em sobrecarga. E quanto mais tempo essa mensagem é ignorada, mais severas tendem a ser as consequências.
A saúde do coração feminino sob ameaça
Um aspecto frequentemente negligenciado é a relação entre estresse e doenças cardiovasculares em mulheres. Por muito tempo, acreditou-se que esse era um problema predominantemente masculino. No entanto, estudos recentes mostram que as doenças do coração são a principal causa de morte entre mulheres no mundo, e o estresse tem um papel central nesse cenário.
Níveis elevados de cortisol e adrenalina afetam a pressão arterial, aumentam a inflamação e alteram o funcionamento do endotélio (camada interna dos vasos sanguíneos), contribuindo para o surgimento de hipertensão, arritmias e até infartos.
Nesse contexto, abordagens modernas e científicas vêm se mostrando eficazes tanto na prevenção quanto no tratamento dessas condições. É o caso do CardioEmotion, uma plataforma que alia tecnologia à psicologia para monitorar e reduzir o estresse através do biofeedback emocional.
Através de sensores e inteligência artificial, o CardioEmotion ajuda a identificar padrões emocionais e fisiológicos, permitindo que a mulher compreenda sua resposta ao estresse e aprenda a regulá-la de forma ativa e consciente.
A mente também precisa respirar: emoção reprimida, corpo sobrecarregado
Para além dos sintomas físicos, o estresse compromete a capacidade de autorregulação emocional. Mulheres que acumulam responsabilidades e se sentem obrigadas a “dar conta de tudo” tendem a reprimir emoções como raiva, tristeza ou frustração — muitas vezes por medo de serem vistas como frágeis ou desequilibradas.
Esse acúmulo emocional gera um tipo de tensão interna que vai além da mente, atingindo o corpo em seus tecidos mais profundos. É aqui que abordagens como a Experiência Somática (Somatic Experiencing – SE) ganham espaço.
Desenvolvida por Peter Levine, a Experiência Somática é uma abordagem terapêutica que foca na liberação gradual de traumas e tensões acumuladas no sistema nervoso.
Diferente de outras terapias que priorizam o discurso verbal, a SE atua a partir da escuta do corpo, permitindo que ele conclua respostas de defesa que ficaram interrompidas durante experiências de estresse ou trauma.
Essa técnica tem se mostrado extremamente eficaz para mulheres que apresentam sintomas como ansiedade generalizada, crises de pânico, fadiga constante e sensação de “desconexão” com o próprio corpo. A Experiência Somática não apenas reduz os sintomas, mas também devolve à mulher uma sensação de segurança interna, vital para o bem-estar físico e emocional.
Por que o estresse impacta mais as mulheres?
Não se trata apenas de biologia. A carga mental que recai sobre as mulheres é historicamente maior. Além do trabalho remunerado, elas ainda são, em grande parte, responsáveis pelos cuidados com filhos, idosos e tarefas domésticas. Essa jornada dupla ou tripla se traduz em menos tempo para o autocuidado, menos sono e mais pressão psicológica.
Culturalmente, também há um reforço da ideia de que a mulher deve ser resiliente, forte e sempre disponível para os outros. Essa expectativa muitas vezes impede que o pedido de ajuda aconteça — ou que seja levado a sério quando acontece.
A quebra desse ciclo exige não só consciência individual, mas mudanças coletivas em como enxergamos o estresse e suas manifestações.
Caminhos para restaurar o equilíbrio
Enfrentar o estresse exige mais do que descanso ocasional ou atividades pontuais de relaxamento. É preciso adotar práticas constantes que ajudem o corpo a sair do estado de alerta contínuo e a recuperar sua capacidade de autorregulação. Algumas estratégias eficazes incluem:
Terapias integrativas, como a Experiência Somática, que permitem uma reconexão genuína com o corpo;
Uso de tecnologias como o CardioEmotion, que trazem consciência em tempo real sobre o impacto emocional no organismo;
Redução de sobrecargas diárias, com delegação de tarefas e estabelecimento de limites;
Atividades físicas regulares, especialmente aquelas que favorecem a respiração e o alongamento, como yoga ou pilates;
Momentos de prazer e lazer, que são tão importantes quanto qualquer remédio.
No entanto, talvez o passo mais importante seja legitimar o próprio sofrimento. Reconhecer que o estresse está presente, que ele tem efeitos reais e que buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas de autocuidado.
Conclusão
O estresse não é invisível. Ele deixa marcas profundas na saúde da mulher, muitas vezes silenciosas, mas progressivas. Seus impactos ultrapassam o emocional e atingem funções vitais do corpo, exigindo atenção, compreensão e ação.
Ao trazer o corpo para o centro do processo de cura, seja por meio de abordagens terapêuticas como a Experiência Somática ou por recursos tecnológicos como o CardioEmotion, as mulheres podem recuperar não apenas sua saúde, mas sua autonomia sobre o próprio bem-estar.
É tempo de escutar os sinais, acolher as emoções e redefinir o que significa viver com leveza, não como um luxo, mas como um direito.


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